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Com elenco majoritariamente negro, “Bonitinha, mas ordinária” ganha nova montagem no Sesc Santo Amaro

Peça de Nelson Rodrigues estreia dia 15 de agosto em São Paulo com direção de Bruce Gomlevsky e ressignificação histórica: pela primeira vez, protagonizada por uma família negra

Com elenco majoritariamente negro, “Bonitinha, mas ordinária” ganha nova montagem no Sesc Santo Amaro
Imagem: Romulo Guimaraes

Mais de seis décadas após sua estreia, o clássico “Bonitinha, mas ordinária”, de Nelson Rodrigues, retorna aos palcos em uma versão inédita e urgente. Com estreia marcada para 15 de agosto no Sesc Santo Amaro, a nova montagem, dirigida por Bruce Gomlevsky, marca um feito histórico: é a primeira vez que a trama é protagonizada por uma família negra. A temporada segue até 7 de setembro, com sessões acessíveis em Libras em datas selecionadas.


O espetáculo mantém a ambientação original da década de 1960, mas propõe uma leitura crítica profundamente atualizada, abordando temas como violência contra a mulher, racismo estrutural e hipocrisia social, sem perder o traço ácido característico da obra de Nelson Rodrigues.


Uma reinterpretação política e simbólica da elite brasileira


Ao escalar um elenco majoritariamente negro — com artistas entre 21 e 80 anos —, a montagem lança nova luz sobre o texto rodrigueano. “A questão racial logo veio à tona quando reli a peça. Não poderia fazer uma montagem só com atores brancos. O texto fala sobre a elite do atraso que está no poder há anos oprimindo as pessoas. As lutas identitárias não podem perder o foco, já que a exploração e a desigualdade continuam”, explica o diretor Bruce Gomlevsky.


Mais do que uma escolha estética, a decisão de alterar o eixo racial da família protagonista provoca deslocamentos profundos nos sentidos do espetáculo. Ao colocar corpos negros no centro de uma narrativa marcada por desejo, poder e violência, a montagem questiona diretamente os valores da elite conservadora que Nelson tanto criticou — e que ainda ecoam na sociedade brasileira contemporânea.


Trama sobre desejo, hipocrisia e poder permanece atual


Na peça, o jovem Edgard, de origem humilde, recebe uma proposta inusitada: casar-se com Maria Cecília, filha de um homem rico, que deseja “restaurar” a honra da filha após um episódio de violência sexual. Enquanto isso, a vizinha Ritinha — pobre, desbocada e apaixonada por Edgard — compõe o vértice de um triângulo amoroso que revela as fissuras morais de uma sociedade hipócrita.


Ao expor as contradições entre aparência e essência, entre ética e conveniência, “Bonitinha, mas ordinária” mostra-se surpreendentemente atual. A trama encena a tensão entre o desejo e a imposição social, entre o amor e a sobrevivência, entre o que se deseja e o que se aceita calado.


Turnê nacional chega a São Paulo após sucesso de público


Desde sua estreia, em agosto de 2024, no Rio de Janeiro, a montagem percorreu cidades como Curitiba (PR), Fortaleza (CE) e Brasília (DF), alcançando um público de mais de 6.400 pessoas. Agora, a produção chega à capital paulista com expectativas renovadas, impulsionada pelo reconhecimento do público e da crítica.


SERVIÇO


“Bonitinha, mas ordinária”, de Nelson Rodrigues 

📍 Local: Sesc Santo Amaro — R. Amador Bueno, 505 — São Paulo/SP 

📅 Temporada: 15 de agosto a 7 de setembro de 2025 🗓 Horários: • Quartas, sextas e sábados às 20h • Quintas às 16h • Domingos às 18h Não haverá sessões nos dias 20 e 21/08

🎭 Sessões com Libras: • 17/08 (domingo), 18h • 23/08 (sábado), 20h • 28/08 (quinta), 16h • 03/09 (quarta), 20h

🎟️ Ingressos: • R$ 70 (inteira) • R$ 35 (meia-entrada) • R$ 21 (credencial plena)

🛒 Vendas: • Online a partir de 5/8, às 17h — centralrelacionamento.sescsp.org.br ou aplicativo Credencial Sesc SP • Presencial em todas as unidades do Sesc SP a partir de 6/8, às 17h

Duração: 110 minutos 

🔞 Classificação indicativa: 16 anos


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