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Espetáculo "Capiroto" de Rodrigo França provoca reflexão sobre divindades e poder

Foto do escritor: Pedro AmaralPedro Amaral

Espetáculo "Capiroto" de Rodrigo França provoca reflexão sobre divindades e poder
Crédito: Ernani Pinheiro

O Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, abre espaço para uma provocação cênica: "Capiroto", um solo com texto e direção de Rodrigo França. Estrelado por Leandro Melo, também conhecido por interpretar Lennie Dale em "Elis, A Musical", o espetáculo inaugura sua temporada na cidade, promovendo uma abordagem para "desdemonizar" diversas divindades não cristãs.


França, que assina tanto o texto quanto a direção, explora a terceirização da maldade humana, frequentemente atribuída a figuras que não podem se defender. Ele argumenta que as pessoas, historicamente, evitam assumir a responsabilidade por suas ações, transferindo a culpa para entidades muitas vezes demonizadas por algumas religiões, em uma questão que, para ele, tem raízes políticas.


Embora a religião seja um pano de fundo, França a utiliza como uma lente para examinar o poder e o patriarcado, conceitos fundamentais na estrutura social. Ele argumenta que o Capiroto, o personagem central, é uma construção cultural, econômica e social europeia, ausente nas Américas pré-colonização ou nas nações africanas.


Durante o monólogo, Leandro Melo envolve a plateia em uma jornada pela história de várias divindades, culminando com a figura de Exu. O palco é palco para projeções mapeadas, que variam de vitrais góticos de igreja a representações visuais das divindades mencionadas. A arte digital é assinada por Akueran de Salvador.


As músicas, especialmente compostas por João Vinicius Barbosa, contribuem para a atmosfera única da peça. Apesar do tom provocativo, Rodrigo França busca a aproximação, não a discórdia, querendo instigar o público a refletir. O diretor compartilhou uma anedota de uma espectadora evangélica que, após assistir à peça, expressou compaixão pelo diabo, testemunhando o respeito que França nutre pelos religiosos.


Em cena, uma conversa franca com o Capiroto, aquele a quem a humanidade atribui sua própria maldade. Cansado do fardo injusto e das demandas perversas, o "coisa ruim" coloca a humanidade em xeque-mate, explorando a recorrente apropriação cultural e a demonização de divindades na história da civilização humana ocidental. Esses processos, muitas vezes marcados por perseguições e intolerância, serviram para manter e acumular poder nas mãos daqueles que o detêm.


Ficha Técnica Autor e Diretor: Rodrigo França

Elenco: Leandro Melo

Direção de movimento: Kennedy Lima

Diretor assistente: Júlio Ângelo

Iluminação: Pedro Carneiro

Figurino: Marah Silva/Ateliê Cretismo

Cenário: Clebson Prates

Trilha sonora original: João Vinicius Barbosa

Técnica de luz: Dara Duarte

Técnico de som: Kleber Marques

Arte Digital: Akueran

Designer: Andreas Sartori

Pesquisa historiográfica: Rodrigo França e Jonathan Raymundo

Consultoria de representações raciais e de gênero: Deborah Medeiros

Fonoaudióloga: Luísa Catoira

Visagismo: Vitor Martinez e Diego Nardes

Costureira: Terezinha Silva

Direção de produção: Gabrielle Araújo

Assistente de produção: Isaac Belfort

Assessoria de imprensa: Canal Aberto - Márcia Marques

Fotografia: Ernani Pinho

Produtores associados: Gabrielle Araújo, Rodrigo França e Leandro Melo

Realização: Caboclas Produções, Diverso Cultura e Desenvolvimento e LET’S Produções.

SERVIÇO

CAPIROTO

Temporada: 10 de outubro a 8 de novembro, às terças e quartas, às 19h

Local: Teatro Sérgio Cardoso - Sala Paschoal Carlos Magno (149 lugares) Endereço: R. Rui Barbosa, 153 - Bela Vista

Ingresso: R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada)

Duração: 60 minutos

Classificação: 16 anos

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