Espetáculo “Laudelina” estreia na SP Escola de Teatro e homenageia a força das trabalhadoras domésticas negras
- Isabel Branquinha

- 17 de jul.
- 3 min de leitura
Com direção de Luiza Loroza e atuação de Rafaele Breves, solo poético-documental recupera a trajetória de Laudelina de Campos Mello, referência na luta pelos direitos trabalhistas no Brasil

A partir do dia 18 de julho de 2025, a SP Escola de Teatro, na Praça Roosevelt, em São Paulo, recebe a estreia de “Laudelina”, espetáculo solo que promove um mergulho sensível e político na memória das trabalhadoras domésticas negras brasileiras. Com entrada gratuita, a montagem cumpre curta temporada até 27 de julho, com apresentações às sextas e sábados, às 20h30, e domingos, às 18h, na Sala Alberto Guzik.
Dirigido por Luiza Loroza e protagonizado pela atriz e coautora Rafaele Breves, o espetáculo se inspira na trajetória de Laudelina de Campos Mello, militante histórica e fundadora do primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do país. A dramaturgia, assinada por Cristiane Sobral e pela própria Rafaele, é construída como uma evocação poética que entrelaça dados históricos com memórias pessoais. “Este solo é uma costura ancestral. Trago para o palco não apenas Laudelina, mas também minha avó, minha mãe, minhas tias — mulheres que, como ela, foram cozinheiras, babás e faxineiras. Suas histórias habitam o meu corpo”, afirma a atriz.
A montagem é realizada pela Dupla Companhia, sediada no interior paulista, e reúne uma equipe majoritariamente formada por mulheres negras de diversas regiões do Brasil, entre elas Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo e Pará. A proposta é tratar a trajetória de Laudelina não como biografia literal, mas como símbolo coletivo de resistência, apagamento e reconstrução. “A história oficial muitas vezes silenciou vozes como a de Laudelina. Nosso trabalho é um gesto de permanência, de reimaginar o passado com liberdade e poesia”, explica Lucas Gonzaga, diretor artístico da companhia.
“Laudelina” é mais do que um espetáculo: é um convite à escuta profunda sobre o impacto do trabalho doméstico na vida de milhões de mulheres negras. Em cena, imagens, relatos e sensações se entrelaçam para construir uma dramaturgia que questiona as heranças coloniais, os sistemas de opressão e as microviolências cotidianas que persistem. “Descolonizar também é descansar. É dizer ‘não’ à exaustão como forma de existência. Com esse espetáculo, propomos o direito à pausa, à invenção e à desobediência”, destaca Rafaele.
A encenação faz parte de uma pesquisa maior da Dupla Companhia sobre os eixos Território, Memória e Identidade, que já resultou em montagens como As Três Marias, Ícaros e Nise em Nós. Com um repertório de criações autorais, a companhia se destaca por promover interseções entre teatro, música, dança e audiovisual, com um olhar voltado à diversidade e à escuta de diferentes territórios culturais.
O espetáculo tem realização da Dupla Companhia em parceria com o Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com apoio da Secretaria de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas de São Paulo.
Serviço
Laudelina
📅 Temporada: de 18 a 27 de julho de 2025
🕣 Sessões: sextas e sábados às 20h30, domingos às 18h
📍 Local: SP Escola de Teatro – Sala Alberto Guzik (R1) Praça Franklin Roosevelt, 210 – Consolação – São Paulo/SP
🎟️ Ingressos gratuitos – retirada exclusiva pela Sympla: sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro
👥 Capacidade: 60 lugares ⏱ Duração: 80 minutos
📍 Classificação indicativa: 12 anos
♿ Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, com recursos de tradução simultânea em Libras, audiodescrição e visita tátil para pessoas cegas









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