Enveredando para o contexto sociopolítico e religioso contemporâneo brasileiro, o espetáculo “Irmã Yerma” de Federico Garcia Lorca ganha nova roupagem apostando em uma encenação multimídia e multiforme.
Representado por um elenco diverso e marcado por vivências em ambientes evangélicos, o espetáculo é baseado no texto "Yerma" de 1934, que narra uma mulher que vive o drama de não conseguir conceber um filho. Junto a isso, o espetáculo entrelaça a trajetória da ascensão do fascismo na Espanha (1934-1939) e a ditadura militar brasileira (1964-1985) para propor uma reflexão profunda sobre as ramificações de movimentos de extrema direita no contexto atual.
A peça também produz um campo de reflexão sobre como os dogmas religiosos se fortaleceram na esfera pública e política no país e de que maneira isso afeta os corpos de pessoas já vulnerabilizadas. A partir desse tema, Diêgo Deleon, diretor da peça, expressa como as vivências da equipe enriquecem a construção da narrativa.
O espetáculo desdobra-se como uma peça multimídia e multiforme, ora uma história dramatizada, ora uma investigação documental, onde três atrizes negras dividem o papel da protagonista, interpretando diferentes aspectos de seus desejos em uma sociedade opressiva, enquanto um grupo religioso pentecostal desenvolve um projeto político.
“Irmã Yerma” estará em cartaz nos dias 2, 9 e 16 de novembro às 20h e no dia 23 com apresentações às 18h e às 20h no Teatro Gláucio Gill em Copacabana. Os ingressos estão disponíveis no site da Funarj, ou na bilheteria do espaço.
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