Com direção de Marcos de Andrade, novo trabalho do coletivo Màli Teatro quer estabelecer relações entre as tragédias gregas e o tempo presente. O espetáculo parte do mito de Electra, estabelecendo pontes com os percalços e conflitos políticos e civilizatórios vivenciados no Brasil dos últimos anos.
Na trama a história milenar é apresentada ao público em paralelo à descrição de uma tragédia que não deixou sobreviventes ocorrida em uma comunidade não tão distante de nós. A peça evoca um ritual de luto para superar um trauma coletivo, além de um chamado por justiça. Dessa forma, os personagens/atores vagueiam pelo espaço imaginário de um território destruído, transitando entre a vida e a morte e dando pistas de um cotidiano que outrora existiu.
O grupo segue, como marca herdada do CPT de Antunes Filho, onde os integrantes do coletivo se conheceram, o desejo de tornar a função dos intérpretes o centro absoluto da cena. O ator é o rei do palco. A função do ator é quase religiosa e dele, por contiguidade, emana toda e qualquer sensação espetacular de uma apresentação para público.
O público é convidado a participar de uma experiência intimista, na qual um grupo de intérpretes em coro está ansioso para compartilhar histórias, como a de Electra, a mulher que nunca esquece o assassinato de seu pai, o rei Agamêmnon. Na narrativa clássica, cabe ao seu irmão Orestes vingar essa morte.
Assim, o espetáculo pretende ser um espelho, uma catarse, em que as certezas humanas se revelam em crise constante.
“Não te pareço vivo?” Fica em cartaz até o dia 17 de dezembro no espaço Casa Livre, na Barra Funda. Sábados às 20h e domingos às 18h. Os ingressos estão disponíveis via Sympla ou na bilheteria do local.
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