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Núcleo Alvenaria estreia Humanamente Inviável, tragicomédia distópica sobre gênero, algoritmos e o fim do mundo

Nova criação de Tati Bueno mistura humor ácido, crítica social e melancolia em um bar à beira do colapso

Núcleo Alvenaria estreia Humanamente Inviável, tragicomédia distópica sobre gênero, algoritmos e o fim do mundo
Imagem: De Divulgação

O Núcleo Alvenaria de Teatro estreia o espetáculo Humanamente Inviável, nova criação escrita e dirigida por Tati Bueno, em cartaz de 24 de outubro a 3 de novembro de 2025 no Alvenaria Espaço Cultural (Rua Turiassu, 799 – Perdizes, São Paulo). As apresentações acontecem às sextas e segundas, às 20h30, e aos sábados e domingos, às 16h, com entrada gratuita e distribuição de ingressos uma hora antes do início.

Entre a comédia, a distopia e a fossa brasileira, o espetáculo propõe um olhar desconcertante sobre o presente — um tempo em que o apocalipse não chega com estrondo, mas com silêncio, cansaço e distração.


Um bar no fim do mundo

A trama se passa em um bar à beira do fim do mundo, onde personagens se reúnem entre uma saideira e outra para compartilhar desabafos, delírios e pequenos fracassos. Entre o absurdo e a ternura, Humanamente Inviável reflete sobre a falência emocional e política do presente, marcada pela sobrecarga digital, pelos vícios da dopamina e pelas velhas estruturas de gênero que insistem em sobreviver.

Esperávamos um fim do mundo que chegasse como um estrondo, mas ele veio a conta-gotas. E, enquanto esperamos, precisamos lidar com o vício em dopamina, o celular como extensão do corpo, a falência dos afetos e as antigas disputas de gênero”, afirma Tati Bueno.


Entre a fossa brasileira e a avalanche digital

Livremente inspirada em dois fatos reais, a peça costura crítica social, humor ácido e ficção distópica:

  • O episódio narrado por Rebecca Solnit em Os Homens Explicam Tudo Para Mim, que analisa o fenômeno do mansplaining e o silenciamento das mulheres;

  • E a experiência dos cursos de reeducação para homens processados por violência doméstica, previstos pela Lei 13.984/2020.

A narrativa se divide em dois planos. No “terreno”, acompanhamos Alicinha, criadora de uma clínica que promete reeducar homens, e seu marido Mário, um machista em eterna “desconstrução”. Ao lado deles, Norma e Dominique tentam provar a eficácia do método para garantir o financiamento estatal. No “mítico”, três entidades — Madame, Vera e o Poetinha — ocupam o bar do fim do mundo, observando e comentando o colapso humano entre sambas de fossa e confissões poéticas.


A encenação

O espaço cênico, concebido como um terreno instável, transforma-se continuamente: de bar a cabaré, de laboratório a auditório decadente. A dramaturgia opera como um grande plano-sequência fragmentado, onde realismo, farsa e delírio se sobrepõem.

A iluminação de Samya Peruch e Tati Bueno alterna entre o calor intimista e o corte frio de um experimento científico. O figurino de Uga Agú utiliza roupas multifuncionais, que se desdobram em novos personagens a partir de pequenos detalhes — símbolo de identidades fluidas e mutantes.

A trilha sonora, composta e dirigida por Felipe Antunes, é quase uma personagem em cena. Executada ao vivo, mistura sambas de fossa, boleros e canções populares, evocando herdeiros de Dolores Duran, Maysa e Nora Ney.

No palco, Bia Toledo, Alexandra DaMatta e Thiago Carreira se revezam entre múltiplos papéis, alternando discursos políticos, canções, humor e absurdos cotidianos. Entre ironia e melancolia, o espetáculo se pergunta: o que ainda nos faz humanos?


Trilogia Madame

Humanamente Inviável encerra a Trilogia Madame, iniciada em 2021 com Codinome Madame e Madame e a Faca Cega. Se nas obras anteriores a distopia apontava para o futuro, aqui o olhar se fixa no presente colapsado, em que insistir e falhar talvez sejam os últimos gestos de humanidade possíveis.

Realizado com apoio da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do ProAC – Programa de Ação Cultural, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, o projeto reafirma a potência criativa e política do teatro independente paulistano.


Sinopse

Em um bar à beira do fim do mundo, entre uma saideira e outra, personagens discutem e desabafam diante de um colapso que já não é futuro — é presente. O apocalipse não chegou com estrondo, mas com silêncio e distração. Entre ruídos internos, algoritmos e métodos de reeducação afetiva, o espetáculo se pergunta o que ainda nos torna humanos. Uma tragicomédia distópica sobre gênero, tecnologia, exaustão e esperança, livremente inspirada em fatos reais.


Serviço

Espetáculo: Humanamente Inviável 

Criação, texto e direção: Tati Bueno 

Com: Bia Toledo, Alexandra DaMatta e Thiago Carreira 

Trilha sonora: Felipe Antunes 

Iluminação: Samya Peruch e Tati Bueno 

Figurino: Uga Agú 

Duração: 75 minutos 

Classificação: 14 anos

📅 Temporada: 24 de outubro a 3 de novembro de 2025 

🕗 Horários: Sextas e segundas às 20h30 | Sábados e domingos às 16h 

📍 Local: Alvenaria Espaço Cultural – Rua Turiassu, 799 – Perdizes – São Paulo/SP 

🎟️ Ingressos: Gratuitos, distribuídos 1 hora antes da sessão 

🍸 Bar do Espaço: sextas a partir das 17h | sábados e domingos a partir das 15h | segundas a partir das 19h30


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