Espetáculo de Juão Nyn retrata primeiro caso documentado de LGBTfobia contra um indígena no Brasil e convida o público a participar da criação de um manto ancestral

A partir de 7 de março de 2025, o Sesc Avenida Paulista recebe "TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira", peça idealizada, escrita e protagonizada pelo artista potyguara Juão Nyn. O espetáculo, falado integralmente em Tupi-Potiguara, revisita um episódio real de violência contra um indígena tupinambá, registrado no século XVII.
A montagem, que fica em cartaz até 6 de abril, é dirigida por Renato Carrera, com trilha sonora original de Clara Potiguara, e propõe uma experiência teatral contra-colonial, resgatando identidade, língua e cultura indígena no palco.
O primeiro caso de LGBTfobia documentado no Brasil
A peça reconstrói a história de um indígena tupinambá, assassinado entre 1613 e 1614, no Maranhão, por soldados franceses, após ser acusado de sodomia. O crime, brutalmente registrado pelo missionário Frei Yves D’Évreux, é considerado o primeiro caso documentado de LGBTfobia contra uma pessoa indígena no Brasil.
Embora o nome do indígena não tenha sido registrado, o antropólogo Luiz Mott nomeou-o Tybyra, derivado da palavra "tebiró", que significa "homossexual passivo". O relato consta no livro Viagem ao Norte do Brasil – Feita nos anos de 1613 a 1614.
Narrativa e Encenação: ressignificação e resistência
A dramaturgia de Juão Nyn adiciona uma camada simbólica à história: na peça, Tybyra tem um irmão, Caruatapirã, que se torna seu algoz, uma referência à história bíblica de Caim e Abel.
“Gosto de me apropriar de mitologias cristãs para subverter o imaginário, especialmente pelo fato de o cristianismo ter se apropriado de diversas histórias pagãs”, explica Nyn.
A trilha sonora, composta por Clara Potiguara, é executada ao vivo, com canções em Tupi-Potiguara, criando uma atmosfera imersiva. O cenário vermelho intenso, assinado por Zé Valdir Albuquerque, destaca uma IGAÇABA (jarro cerimonial indígena) de dois metros de altura, que simboliza tanto uma urna funerária quanto a boca do canhão que matou Tybyra.
Os figurinos, criados por Mara Carvalho, e as projeções mapeadas de Flávio Alziro MSilva, complementam a estética visual, trazendo grafismos indígenas e referências ao universo Tupinambá.
Um teatro contra-colonial e interativo
"TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira" se define como teatro contra-colonial, buscando resgatar e dar dignidade às narrativas indígenas. Segundo Nyn, a escolha de falar toda a peça em Tupi-Potiguara reforça essa proposta:
“Este espetáculo não quer servir ao colonizador. A história de Tybyra precisa ser contada de dentro para fora, na nossa língua ancestral.”
A peça também se conecta com a atualidade. Para o diretor Renato Carrera, é simbólico que a estreia aconteça na Avenida Paulista, local que já foi palco de violências contra a população LGBTQIAPN+.
“Queremos trazer essas histórias para o centro do debate, para que tragédias como essa não se repitam”, afirma Carrera.
Construção coletiva: o público é convidado a participar da criação de um manto Tupi
Um dos momentos mais marcantes do espetáculo é a criação coletiva de um manto Tupi, peça tradicional em rituais dos povos indígenas de tronco linguístico Tupi.
Inspirado pela retomada da confecção desses mantos por artistas indígenas, Nyn convida o público a levar uma pena para ser incorporada ao manto ao final da apresentação.
O gesto simboliza um resgate cultural e ancestral, conectando espectadores à narrativa de Tybyra e à memória indígena.
“A cultura Tupi foi violentamente apagada. Com essa ação, buscamos reconstruir coletivamente um símbolo que representa resistência e pertencimento”, ressalta o dramaturgo.
Ficha Técnica
🎭 Título: TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira
📝 Dramaturgia e atuação: Juão Nyn
🎬 Direção: Renato Carrera
🎶 Trilha sonora original: Clara Potiguara
🎨 Cenografia: Zé Valdir Albuquerque
👗 Figurinos: Mara Carvalho
🎥 Projeções mapeadas: Flávio Alziro MSilva
⏳ Duração: 60 minutos
🔞 Classificação indicativa: 16 anos
Serviço: "TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira"
📅 Temporada: 7 de março a 6 de abril de 2025
📍 Local: Sesc Avenida Paulista – Arte II (13º andar)
🕗 Sessões:
Quinta a sábado, às 20h
Domingo, às 18h
Sessão extra: 2 de abril (quarta-feira), às 20h
🎟 Ingressos: R$ 50 (inteira) | R$ 25 (meia) | R$ 12 (credencial plena)
🎫 Venda de ingressos online a partir de 18/2, às 17h, e presencialmente nas bilheterias do Sesc a partir de 19/2, às 17h.
♿ Acessibilidade: Sessões com recursos de inclusão:
Audiodescrição: 20/3, quinta-feira, às 20h
Libras: de 21 a 23/3, sexta a domingo, às 20h
📌 SESC AVENIDA PAULISTA
📍 Av. Paulista, 119, Bela Vista, São Paulo
📞 Telefone: (11) 3170-0800
🚇 Transporte Público: Metrô Brigadeiro (350m)
🔎 Mais informações: Site do Sesc Avenida Paulista
Por que assistir "TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira"?
✔ Primeira peça falada integralmente em Tupi-Potiguara
✔ História real e documentada de violência contra indígenas LGBTQIAPN+
✔ Cenário e trilha sonora originais, com participação de artistas indígenas
✔Convite ao público para construir um manto ancestral, resgatando tradições Tupi
✔ Relevância histórica e social, conectando o passado ao presente
🚀 Garanta seu ingresso e participe deste resgate cultural e ancestral!
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