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"TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira" estreia no Sesc Avenida Paulista

Foto do escritor: Isabel BranquinhaIsabel Branquinha

Espetáculo de Juão Nyn retrata primeiro caso documentado de LGBTfobia contra um indígena no Brasil e convida o público a participar da criação de um manto ancestral


"TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira" estreia no Sesc Avenida Paulista
Imagem: Matheus José Maria

A partir de 7 de março de 2025, o Sesc Avenida Paulista recebe "TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira", peça idealizada, escrita e protagonizada pelo artista potyguara Juão Nyn. O espetáculo, falado integralmente em Tupi-Potiguara, revisita um episódio real de violência contra um indígena tupinambá, registrado no século XVII.


A montagem, que fica em cartaz até 6 de abril, é dirigida por Renato Carrera, com trilha sonora original de Clara Potiguara, e propõe uma experiência teatral contra-colonial, resgatando identidade, língua e cultura indígena no palco.


O primeiro caso de LGBTfobia documentado no Brasil


A peça reconstrói a história de um indígena tupinambá, assassinado entre 1613 e 1614, no Maranhão, por soldados franceses, após ser acusado de sodomia. O crime, brutalmente registrado pelo missionário Frei Yves D’Évreux, é considerado o primeiro caso documentado de LGBTfobia contra uma pessoa indígena no Brasil.


Embora o nome do indígena não tenha sido registrado, o antropólogo Luiz Mott nomeou-o Tybyra, derivado da palavra "tebiró", que significa "homossexual passivo". O relato consta no livro Viagem ao Norte do Brasil – Feita nos anos de 1613 a 1614.


Narrativa e Encenação: ressignificação e resistência


A dramaturgia de Juão Nyn adiciona uma camada simbólica à história: na peça, Tybyra tem um irmão, Caruatapirã, que se torna seu algoz, uma referência à história bíblica de Caim e Abel.


“Gosto de me apropriar de mitologias cristãs para subverter o imaginário, especialmente pelo fato de o cristianismo ter se apropriado de diversas histórias pagãs”, explica Nyn.


A trilha sonora, composta por Clara Potiguara, é executada ao vivo, com canções em Tupi-Potiguara, criando uma atmosfera imersiva. O cenário vermelho intenso, assinado por Zé Valdir Albuquerque, destaca uma IGAÇABA (jarro cerimonial indígena) de dois metros de altura, que simboliza tanto uma urna funerária quanto a boca do canhão que matou Tybyra.

Os figurinos, criados por Mara Carvalho, e as projeções mapeadas de Flávio Alziro MSilva, complementam a estética visual, trazendo grafismos indígenas e referências ao universo Tupinambá.


Um teatro contra-colonial e interativo


"TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira" se define como teatro contra-colonial, buscando resgatar e dar dignidade às narrativas indígenas. Segundo Nyn, a escolha de falar toda a peça em Tupi-Potiguara reforça essa proposta:


“Este espetáculo não quer servir ao colonizador. A história de Tybyra precisa ser contada de dentro para fora, na nossa língua ancestral.”


A peça também se conecta com a atualidade. Para o diretor Renato Carrera, é simbólico que a estreia aconteça na Avenida Paulista, local que já foi palco de violências contra a população LGBTQIAPN+.


“Queremos trazer essas histórias para o centro do debate, para que tragédias como essa não se repitam”, afirma Carrera.


Construção coletiva: o público é convidado a participar da criação de um manto Tupi


Um dos momentos mais marcantes do espetáculo é a criação coletiva de um manto Tupi, peça tradicional em rituais dos povos indígenas de tronco linguístico Tupi.


Inspirado pela retomada da confecção desses mantos por artistas indígenas, Nyn convida o público a levar uma pena para ser incorporada ao manto ao final da apresentação.


O gesto simboliza um resgate cultural e ancestral, conectando espectadores à narrativa de Tybyra e à memória indígena.


“A cultura Tupi foi violentamente apagada. Com essa ação, buscamos reconstruir coletivamente um símbolo que representa resistência e pertencimento”, ressalta o dramaturgo.


Ficha Técnica


🎭 Título: TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira

📝 Dramaturgia e atuação: Juão Nyn

🎬 Direção: Renato Carrera

🎶 Trilha sonora original: Clara Potiguara

🎨 Cenografia: Zé Valdir Albuquerque

👗 Figurinos: Mara Carvalho

🎥 Projeções mapeadas: Flávio Alziro MSilva

Duração: 60 minutos

🔞 Classificação indicativa: 16 anos


Serviço: "TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira"


📅 Temporada: 7 de março a 6 de abril de 2025

📍 Local: Sesc Avenida Paulista – Arte II (13º andar)

🕗 Sessões:

  • Quinta a sábado, às 20h

  • Domingo, às 18h

  • Sessão extra: 2 de abril (quarta-feira), às 20h

  • 🎟 Ingressos: R$ 50 (inteira) | R$ 25 (meia) | R$ 12 (credencial plena)

🎫 Venda de ingressos online a partir de 18/2, às 17h, e presencialmente nas bilheterias do Sesc a partir de 19/2, às 17h.


Acessibilidade: Sessões com recursos de inclusão:

  • Audiodescrição: 20/3, quinta-feira, às 20h

  • Libras: de 21 a 23/3, sexta a domingo, às 20h

📌 SESC AVENIDA PAULISTA

📍 Av. Paulista, 119, Bela Vista, São Paulo

📞 Telefone: (11) 3170-0800

🚇 Transporte Público: Metrô Brigadeiro (350m)

🔎 Mais informações: Site do Sesc Avenida Paulista


Por que assistir "TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira"?


Primeira peça falada integralmente em Tupi-Potiguara

História real e documentada de violência contra indígenas LGBTQIAPN+

Cenário e trilha sonora originais, com participação de artistas indígenas

Convite ao público para construir um manto ancestral, resgatando tradições Tupi

Relevância histórica e social, conectando o passado ao presente


🚀 Garanta seu ingresso e participe deste resgate cultural e ancestral!


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