top of page

“Uterina”, solo de Flavia Couto, transforma experiência de luto e aborto legal em jornada sensorial e poética

Espetáculo interlinguagens estreia em agosto no Complexo Cultural Funarte e reflete sobre o direito ao próprio corpo, a partir de vivência real da artista

Uterina”, solo de Flavia Couto, transforma experiência de luto e aborto legal em jornada sensorial e poética
Imagem: David Ricard

A partir do dia 8 de agosto de 2025, a atriz e criadora Flavia Couto estreia o espetáculo “Uterina”, no Complexo Cultural Funarte, em São Paulo. Com sessões às sextas e sábados às 19h e domingos às 18h, a temporada segue até o dia 31. Em setembro, a montagem ocupa o Teatro Arthur Azevedo, entre os dias 11 e 21.


A obra, que mescla teatro, dança, cinema e artes visuais, parte da experiência da própria artista com a interrupção judicial de uma gravidez inviável, após diagnóstico de síndrome de Patau no quinto mês de gestação. O espetáculo não é apenas um grito de denúncia sobre a criminalização do aborto no Brasil — mas um mergulho íntimo e poético nos ciclos do corpo feminino, nas dores do luto e na potência da criação como processo de cura.


“Quando o projeto surgiu, ele tinha o peso da dor e da revolta com as leis brasileiras, que impedem as mulheres de decidirem sobre seus próprios corpos. Mas, no meio do processo, engravidei novamente e isso atravessou toda a obra com outros sentidos”, compartilha Flavia.


Corpo, memória e reinvenção


Resultado de uma residência artística no LANTISS (Laboratório de Novas Tecnologias da Imagem, do Som e da Cena), no Canadá, sob supervisão de Carole Nadeau, Uterina foi contemplado com o Prêmio Zé Renato de Teatro em sua 20ª edição.


No palco, Flavia Couto reconstrói seu percurso a partir de escritas pessoais, memórias e sensações corporais, em um cenário que simula o interior de um útero. O espaço é preenchido por projeções sinestésicas, criadas em parceria com Gabriela Bernd, que envolvem parte da plateia em uma experiência imersiva.


A obra evoca paisagens congeladas, o mar e elementos naturais que marcaram o processo de luto da artista. Um dos objetos simbólicos em cena é uma ampulheta em formato de saco gestacional, que escorre seus grãos em espiral, traduzindo a fluidez do tempo e a inevitabilidade da mudança.


Dança, espiritualidade e ancestralidade


A fisicalidade é um eixo central da encenação, com orientação corporal de Silvia Geraldi. A criadora traz à cena movimentos inspirados em vivências pessoais — como a sensação de ser tragada pelo mar — e na dança Moribayassa, tradição do povo Malinké da África Ocidental, que celebra mulheres que superaram grandes desafios.


“A arte se tornou uma forma de atravessar esse acontecimento. Não se trata de uma peça sobre maternidade ou luto, apenas, mas sobre como os ciclos da vida nos transformam”, afirma Flavia.


SINOPSE


A partir da interrupção judicial de uma gravidez inviável, Uterina transforma dor em criação. Em cena, memórias, natureza e imagens sensoriais constroem um espaço uterino de escuta, transformação e acolhimento. A peça entrelaça teatro, dança, audiovisual e artes plásticas para compartilhar um percurso íntimo de cura e reinvenção.


SERVIÇO


UTERINA, com Flavia Couto 

Classificação indicativa: 14 anos 

Duração: 60 minutos

🩸 Temporada 1 — Complexo Cultural Funarte 

📅 De 8 a 31 de agosto de 2025 

📍 Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos, São Paulo/SP 

🎟 Ingressos: • Gratuito para pessoas de baixa renda • Meia: R$20 • Inteira: R$40 

🛒 Reservas via Sympla 

🪑 Capacidade: 60 lugares


🩸 Temporada 2 — Teatro Arthur Azevedo (Sala Multiuso) 

📅 De 11 a 21 de setembro de 2025 

📍 Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo/SP 

🎟 Ingressos: Gratuito (retirada 1h antes) 

🪑 Capacidade: 50 lugares 

♿ Acessibilidade para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida


Comentários


bottom of page