“Vermes Radiantes” estreia no Sesc Pompeia com crítica ácida à gentrificação e à lógica do consumo
- Isabel Branquinha

- 29 de jul.
- 3 min de leitura
Com texto do britânico Philip Ridley, direção de Alexandre Dal Farra e protagonismo de Maria Eduarda de Carvalho e Rui Ricardo Diaz, espetáculo convida o público a refletir sobre as transformações urbanas e a supressão do outro

O palco do Sesc Pompeia recebe a montagem inédita em português de Vermes Radiantes, texto provocador do premiado dramaturgo inglês Philip Ridley. A direção é de Alexandre Dal Farra, conhecido por sua abordagem crítica e linguagem contemporânea, que transforma a peça em uma experiência teatral intensa e desconcertante.
A temporada segue até 10 de agosto, com sessões às quintas, sextas e sábados às 20h, aos domingos às 18h e com apresentações adicionais às sextas às 16h.
Estrelado por Maria Eduarda de Carvalho e Rui Ricardo Diaz, o espetáculo traz ainda contribuições criativas do ator e músico Marco França, em uma encenação que tensiona os limites do humor ácido e da crítica social.
Ascensão a qualquer custo
A trama gira em torno de Jill e Ollie, um casal aparentemente comum que compartilha com a plateia como conquistaram a tão sonhada casa própria. No entanto, conforme o relato avança, as camadas dessa narrativa de sucesso se desintegram, revelando uma série de ações questionáveis, chocantes e moralmente ambíguas. O público é então convidado a refletir: “Você não faria o mesmo?”
A história, envolta em sarcasmo e ironia, utiliza a ascensão social como metáfora para a supressão do outro e os mecanismos brutais de uma sociedade que, em nome do progresso e do capital, marginaliza, descarta e invisibiliza.
“Vermes Radiantes nos convida a pensar sobre o que nos tornamos quando somos capturados por uma lógica que nos promete ascensão ao preço do sacrifício alheio”, explica o diretor Alexandre Dal Farra, que contextualiza a obra dentro dos debates sobre gentrificação, consumo e violência estrutural.
Um teatro sobre o hoje — e sobre nós
Em texto assinado para a estreia, Dal Farra resgata como a discussão sobre gentrificação — a transformação urbana que expulsa populações vulneráveis para abrir espaço à especulação imobiliária — foi central nos anos 2000, mas desapareceu do debate público, apesar de seus efeitos se intensificarem a cada ano.
“Hoje, talvez, vivamos o momento de maior brutalidade desse processo, não só no Brasil, mas no mundo. Vermes Radiantes torna isso visível com ironia, precisão e uma dramaturgia que gira como o próprio capital: insaciável, enlouquecedor, impossível de parar”, escreve.
Na montagem, Ridley extrapola a realidade para uma fábula grotesca e hiperestilizada, onde linguagem e moralidade se deformam junto ao sistema que os molda. O público encontra uma narrativa desconfortável, mas urgentemente necessária — uma sátira inquieta sobre como operam os mecanismos de exclusão, violência simbólica e apagamento social no cotidiano.
Sinopse
Jill e Ollie querem compartilhar com você como conquistaram a casa dos sonhos. Algumas atitudes que tomaram podem parecer erradas, talvez até chocantes — mas eles têm explicações. Eles precisam que você escute. Que você entenda. No fim, só resta uma pergunta: você não faria o mesmo?
Serviço
Vermes Radiantes, de Philip Ridley
📍 Tradução: Diego Teza
🎭 Direção: Alexandre Dal Farra
🎟️ Temporada: 17 de julho a 10 de agosto de 2025
🕐 Horários:
Quintas, sextas e sábados às 20h
Sextas-feiras também às 16h
Domingos às 18h (com tradução em Libras)
📍 Local: Teatro do Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Água Branca – São Paulo – SP
🎫 Ingressos: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia) | R$ 18 (credencial plena)
🌐 Vendas: sescsp.org.br/pompeia
⏱ Duração: 90 minutos
🔞 Classificação: 16 anos
♿ Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida









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