Com roteiro premiado em Veneza e estreia marcada para novembro, longa dirigido por Walter Salles aborda a ditadura militar e promete destaque internacional.
O filme "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, foi o escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria de melhor filme internacional no Oscar 2025. O anúncio foi feito pela Academia Brasileira de Cinema, marcando um momento de grande expectativa para o cinema nacional. A produção, que adapta o livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, estreia oficialmente no Brasil no dia 7 de novembro.
A escolha unânime pela comissão, presidida por Bárbara Paz, reflete o impacto emocional e histórico da obra, que explora a memória e o sofrimento de uma família durante a ditadura militar no Brasil. "Esse é um grande filme sobre memória, um retrato emocionante de uma família sob a ditadura militar. 'Ainda Estou Aqui' é uma obra-prima", afirmou Bárbara Paz. A expectativa é de que o longa consiga recolocar o Brasil entre os finalistas do Oscar, algo que não acontece desde 1999, quando "Central do Brasil", também dirigido por Salles e estrelado por Fernanda Montenegro, foi indicado à premiação.
Além de "Ainda Estou Aqui", outros cinco filmes concorreram à vaga: "Cidade Campo", de Juliana Rojas, "Levante", de Lillah Halla, "Motel Destino", de Karim Aïnouz, "Saudade Fez Morada Aqui Dentro", de Haroldo Borges, e "Sem Coração", de Nara Normande e Tião. No entanto, o impacto do filme de Salles, que já havia conquistado o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza e recebido elogios no Festival de Toronto, foi decisivo.
Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, "Ainda Estou Aqui" narra a história de Eunice Paiva, mãe do autor, interpretada por Fernanda Torres (com Fernanda Montenegro, sua mãe na vida real, interpretando a personagem na fase mais velha). Eunice foi uma das principais ativistas pelos Direitos Humanos no Brasil, especialmente após o desaparecimento e assassinato de seu marido, Rubens Paiva, durante a ditadura militar em 1971.
O longa revela como Eunice, que estudou Direito, transformou sua dor em luta, tornando-se uma figura fundamental na busca por justiça para as vítimas do regime militar. A obra é um tributo à sua coragem e resiliência, e também uma reflexão sobre o impacto desse período sombrio da história brasileira nas famílias que viveram diretamente os horrores da repressão.
"Ainda Estou Aqui" já conquistou reconhecimento em importantes festivais internacionais. No Festival de Veneza, o filme recebeu o prêmio de melhor roteiro, reforçando a qualidade da adaptação da obra de Marcelo Rubens Paiva. No Festival de Toronto, o filme foi amplamente elogiado pela crítica internacional, que apontou a produção brasileira como uma forte candidata para a indicação ao Oscar.
Além disso, a atuação de Fernanda Torres foi destacada por sua profundidade e sensibilidade ao retratar uma mulher que, ao longo dos anos, transformou sua vida em uma luta por direitos e justiça. A participação de Fernanda Montenegro, que interpreta Eunice na fase idosa, também traz um simbolismo especial ao projeto, marcando o reencontro da atriz com Walter Salles após o sucesso de "Central do Brasil".
A expectativa agora gira em torno da pré-seleção oficial, que será divulgada pela Academia de Hollywood no dia 17 de dezembro. Caso o filme seja selecionado, ele disputará uma vaga entre os indicados à categoria de melhor filme internacional no Oscar 2025.
Enquanto isso, o público brasileiro poderá conferir "Ainda Estou Aqui" em primeira mão durante a Mostra de Cinema de São Paulo, que acontece entre os dias 17 e 30 de outubro, antes da estreia oficial nos cinemas em 7 de novembro.
Com uma história poderosa, performances emocionantes e a direção de um cineasta já consagrado internacionalmente, "Ainda Estou Aqui" se apresenta como uma obra com grandes chances de trazer novamente o cinema brasileiro ao prestigiado palco do Oscar.
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