Clássico teatral escrito por Nelson Rodrigues ganha vida com elenco de peso e aborda dilemas atemporais da alma humana.
Uma nova montagem do clássico teatral "A Falecida", de Nelson Rodrigues, está prestes a estrear em São Paulo, com direção e idealização de Sergio Módena e protagonizada pela talentosa atriz Camila Morgado, que retorna ao teatro após um hiato de 11 anos. O espetáculo tem estreia marcada para o dia 18 de agosto, no Sesc Santo Amaro, e seguirá em cartaz até 1º de outubro, com apresentações nas sextas, às 21h; sábados, às 20h; e domingos, às 18h.
Escrito há exatos 70 anos, "A Falecida" é uma das Tragédias Cariocas de Nelson Rodrigues, e mesmo após tanto tempo, a peça continua a revelar sua força e atualidade em um país ainda regido por questões de falsa moralidade e hipocrisia.
Protagonizando o espetáculo ao lado de Camila Morgado está Thelmo Fernandes, com uma vasta experiência em torno da obra do autor. A montagem conta ainda com Stela Freitas como atriz convidada. E também os atores Gustavo Wabner, Alcemar Vieira, Thiago Marinho e Alan Ribeiro.
A Falecida narra o plano de Zulmira, uma mulher tuberculosa e frustrada, que sonha em ter um enterro cheio de luxo e pompa. Dessa forma, ela causaria inveja em sua prima e vizinha Glorinha, com quem nem fala mais e tem uma relação inexplicável de competição. Um pouco antes de morrer, Zulmira pede para seu marido Tuninho, que está desempregado e gasta todo o dinheiro com apostas, procurar o milionário Pimentel. Ela quer que o empresário pague para ela um enterro de 35 mil contos – o que beira o absurdo, uma vez que, na época, os funerais custavam menos de um conto.
A montagem propõe uma estética atemporal. No cenário de André Cortez, um grande mausoléu (um signo da ostentação social em meio aos mortos) é o espaço por onde os diversos planos de ação irão ocorrer. Os figurinos de Marcelo Olinto não buscam a reprodução histórica da década de 50. Ao contrário, parecem apenas evocar um tempo passado, atravessando diversas épocas. A trilha sonora, composta por Marcelo H, explora o conflito entre o sagrado e o profano.
A direção de Sergio Módena busca criar uma encenação atemporal para a peça, que, originalmente, foi escrita em 1953 e se passa no subúrbio do Rio de Janeiro. No entanto, Nelson Rodrigues vai além da crônica carioca e radiografa a miséria da alma humana, presente nos mais diversos lugares e épocas.
"Eu e Camila somos apaixonados por esse texto e pelo legado de Nelson Rodrigues. E ela é uma atriz “rodrigueana” por excelência, assim como o Thelmo Fernandes. Esta montagem marca a minha primeira direção de uma obra dele. Estamos criando uma encenação atemporal para a peça, que, originalmente, foi escrita em 1953 e se passa no subúrbio do Rio de Janeiro. Mas Nelson vai além da crônica carioca. Ele radiografa a miséria da alma humana, presente nos mais diversos lugares e épocas”, comenta o diretor sobre a idealização do projeto.
Segundo o diretor, a encenação propõe uma estética atemporal. No cenário de André Cortez, um grande mausoléu (um signo da ostentação social em meio aos mortos) é o espaço por onde os diversos planos de ação irão ocorrer. Os figurinos de Marcelo Olinto não buscam a reprodução histórica da década de 50. Ao contrário, parecem apenas evocar um tempo passado, atravessando diversas épocas. A trilha sonora, composta por Marcelo H, explora o conflito entre o sagrado e o profano.
"Quando Zulmira se sente culpada, ela busca se afastar do profano, sendo constantemente atormentada por essa ideia. A trilha sonora percorreu diversos estilos, combinando desde obras de Dalva de Oliveira até samba. Essa mescla de estilos é uma característica marcante de Nelson Rodrigues, que inseria elementos cômicos em suas tragédias. O humor peculiar de Nelson está presente em nossa montagem, mesmo diante da trágica história de Zulmira”, acrescenta Módena.
"A Falecida" é uma oportunidade para o público refletir sobre a hipocrisia e falsa moralidade presentes na sociedade, além de mergulhar no universo único de Nelson Rodrigues, que mescla elementos trágicos e cômicos em suas obras.
A Falecida
De 18/08 a 01/10. Sextas, 21h. Sábados, 20h. Domingos, 18h.
16 anos.
90 minutos.
Sesc Santo Amaro
Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro, São Paulo (SP)
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