Encenado em capela de cemitério, Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte retorna em janeiro de 2026
- Isabel Branquinha
- há 5 dias
- 3 min de leitura
Solo de Bruna Longo, indicado ao Prêmio APCA de Melhor Atriz, propõe uma experiência ritual sobre o tabu da morte e o luto contemporâneo

Depois de forte repercussão de público e crítica, o solo Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte, criado, dirigido e interpretado por Bruna Longo, volta em cartaz a partir de 16 de janeiro de 2026, na capela do Cemitério do Redentor, no bairro do Sumaré, em São Paulo. A temporada segue até 8 de fevereiro, com apresentações de sexta a domingo, sempre às 19h. O espetáculo tem codireção de Vitor Julian e rendeu à atriz a indicação ao Prêmio APCA de Melhor Atriz.
Encenada em um espaço não convencional — uma capela de cemitério —, a obra transforma o próprio local em parte fundamental da experiência cênica, propondo ao público um encontro íntimo, sensorial e profundamente humano com o tema da morte, ainda tratado como tabu na sociedade ocidental contemporânea.
Uma partilha íntima sobre luto, ausência e finitude
Partindo da morte recente de seu pai, Bruna Longo constrói uma dramaturgia em que imagina a própria morte como ponto de partida para elaborar o luto de si mesma — um gesto impossível na vida concreta, mas potente no campo simbólico do teatro. Em cena, a atriz reflete sobre a finitude, o esvaziamento dos ritos fúnebres, o medo, o silêncio e a negação da morte em uma sociedade marcada pela burocratização e higienização do morrer.
A narrativa se desenvolve como uma espécie de rito contemporâneo, em que o teatro assume o lugar de templo e a dramaturgia se transforma em liturgia. Ao revisitar os próprios estágios do luto, o espetáculo convida o público a confrontar suas próprias relações com a perda, a ausência e a certeza inexorável da morte.
Teatro como ritual em tempos de negação da morte
Em depoimento que integra o material dramatúrgico da obra, Bruna Longo relata o impulso criativo que deu origem ao espetáculo:
“Dois dias depois da morte do meu pai, passei a usar o barro desse luto como material para meu trabalho. Meu templo é o teatro, minha liturgia é a pesquisa artística, minha reza é a dramaturgia.”
A peça dialoga com reflexões históricas e antropológicas que apontam o luto como um dos fundamentos da cultura humana — origem da arte, da religião, da filosofia e da narrativa. Ao problematizar a eliminação progressiva dos ritos fúnebres nas sociedades capitalistas ocidentais, o espetáculo propõe que não falar da morte não a afasta, apenas a torna mais temerosa.
Reconhecimento crítico
Desde sua estreia, Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte vem sendo amplamente reconhecido pela crítica especializada:
“Bruna Longo transforma o luto pelo falecimento de seu pai em uma partilha sensível sobre o desamparo e a ausência.” — Ferdinando Martins (Deus Ateu)
“Bruna Longo transforma o tabu da morte em uma experiência estética e ritual.” — Bob Sousa (Em Foco)
“Interpretação corajosa que se inscreve entre as melhores deste ano pródigo em excelentes trabalhos.” — José Cetra (Palco Paulistano)
“A maturidade corporal da atriz ao representar os vários estágios de um corpo nos faz ter certeza: é um solo de muitas Brunas.” — Jessica Moreira (Morte Sem Tabu – Folha de S.Paulo)
“O teatro mais disruptivo de São Paulo acontece dentro de um cemitério.” — Esther Miranda (São Paulo Secreto)
Sinopse
Bruna Longo acaba de morrer e tenta elaborar o luto de si mesma — a única coisa que não podemos fazer empiricamente. A partir dessa premissa, o espetáculo reflete sobre a relação humana com a finitude, o tabu da morte na vida cotidiana e o processo de eliminação dos ritos fúnebres nas sociedades capitalistas ocidentais. A obra é inspirada na morte recente do pai da atriz.
Ficha Técnica
Direção, elenco, dramaturgia, cenografia e figurinos: Bruna Longo
Codireção e provocações dramatúrgicas: Vitor Julian
Provocações estéticas (figurinos e cenografia): Kleber Montanheiro
Visagismo: Fabia Mirassos
Desenho de Luz: Gabriele Souza
Esqueleto de baleia: Paul Zanon
Provocações de movimento: Paula D’Ajello
Preparação vocal: Jessé Scarpellini
Trilha sonora incidental: L.P. Daniel
Direção de Produção: Paula Malfatti
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Fotos: Danilo Apoena
Serviço
Queda de Baleia ou Canto para Dançar com Minha Morte
📍 Local: Capela do Cemitério do Redentor Av. Dr. Arnaldo, 1105 – Sumaré – São Paulo (SP)
📅 Temporada: 16 de janeiro a 8 de fevereiro de 2026
🕖 Dias e horários: Sexta a domingo, às 19h
🎟 Ingressos: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia-entrada)
🎫 Vendas: Sympla
⏱ Duração: 80 minutos
🔞 Classificação: 12 anos
👥 Lotação: 20 lugares





