Jeca – Um Povo Ainda Há de Vingar estreia no Sesc Consolação em homenagem aos 50 anos de Refazenda, de Gilberto Gil
- Isabel Branquinha
- há 2 dias
- 4 min de leitura
Musical original do Grupo 59 de Teatro revisita a obra icônica de Gil em uma jornada poética sobre raízes, memória e brasilidade

De 24 de outubro a 23 de novembro de 2025, o Sesc Consolação recebe o musical inédito Jeca – Um Povo Ainda Há de Vingar, criação original do Grupo 59 de Teatro, livremente inspirada no álbum Refazenda (1975), de Gilberto Gil, que completa 50 anos. A peça tem direção de Kleber Montanheiro, dramaturgia de Lucas Moura da Conceição e poemas cênicos de Marcelino Freire, e estreia no Teatro Anchieta.
O espetáculo, que marca uma nova fase do grupo — conhecido por seu mergulho na identidade cultural brasileira — propõe uma reflexão sensível e musical sobre pertencimento, ancestralidade e resistência. A temporada terá sessões de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos e feriados, às 18h, além de uma sessão vespertina no dia 5/11, às 15h, e uma sessão acessível em Libras no dia 13/11, às 20h.
Uma refazenda em forma de teatro
No enredo, Jeca, homem do povo, inicia uma jornada de retorno às origens. Em busca de reconexão com suas raízes, ele revisita o passado, reencontra seus pais, o amor de sua vida e o velho abacateiro — símbolo da música homônima de Gil. Sua travessia é, ao mesmo tempo, individual e coletiva: a de um Brasil plural, rural, contraditório e resiliente.
A dramaturgia, estruturada como uma espiral de memórias e estações da vida, entrelaça personagens e paisagens presentes nas canções do álbum Refazenda, transformando-as em cenas poéticas. Entre versos, fé e humor, o público percorre um rito de passagem que reflete o país e sua gente.
“Tudo em Refazenda fala da tecnologia sertaneja — da força que nasce da terra, do trabalho, da caminhada e da ancestralidade. É sobre um povo que reencanta o mundo mesmo diante da precariedade”, afirma o dramaturgo Lucas Moura da Conceição.
Entre o real e o mítico
O diretor Kleber Montanheiro aposta em uma encenação de poesia visual e atmosfera sensorial, em que o cenário central — um praticável circular — representa o abacateiro, “velho amigo” de Jeca e testemunha de suas idas e vindas.
A cenografia, composta por módulos de madeira que lembram caixas de feira, se transforma ao longo da narrativa, evocando as mudanças do tempo e o ciclo da natureza. A iluminação e os figurinos reforçam o caráter simbólico e afetivo da encenação, criando pontes entre o real e o mítico.
“Jeca é uma celebração das raízes e das contradições do Brasil. Um povo que, mesmo esquecido, insiste em florescer. É um teatro de encantamento, em que o íntimo e o político se misturam”, explica Montanheiro.
Canções de Gil e novos arranjos
Com 10 atores e 4 músicos em cena, o musical apresenta as canções de Refazenda — como Ela, Tenho Sede, Pai e Mãe, Jeca Total, Ê, Povo, Ê, Meditação e Lamento Sertanejo — interpretadas ao vivo, com direção musical e arranjos de Marco França, que também assina composições inéditas criadas especialmente para o espetáculo.
A trilha inclui ainda músicas de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Anastácia, além de clássicos de Gil como Back in Bahia e Lugar Comum, que ampliam o diálogo entre o sertão e o tropicalismo.
“É uma dramaturgia musical em que a canção não é apenas atmosfera, mas ação dramática. Cada música carrega uma camada narrativa e afetiva”, destaca Marco França.
Um tributo à Trilogia Re
Jeca – Um Povo Ainda Há de Vingar é a primeira parte de uma trilogia teatral inspirada nos álbuns Refazenda (1975), Refavela (1977) e Realce (1979) — obras que refletem a visão de Gilberto Gil sobre o Brasil rural, urbano e plural.
“Nosso objetivo é retomar a ideia de um Brasil que se refaz. Esse espetáculo é uma reza, um rito e uma celebração da nossa identidade cultural”, resume Montanheiro.
Sinopse
Livremente inspirado no disco Refazenda, de Gilberto Gil, o musical acompanha a jornada de Jeca, homem do povo que regressa às suas raízes para reencontrar sua história, sua terra e seu sentido de existência. Entre música, poesia e lembranças, ele revisita sua trajetória e a do Brasil, em um rito cênico sobre recomeço, afeto e resistência.
Serviço
Espetáculo: Jeca – Um Povo Ainda Há de Vingar
Grupo: Grupo 59 de Teatro
Direção: Kleber Montanheiro
Dramaturgia: Lucas Moura da Conceição
Poemas cênicos: Marcelino Freire
Direção musical: Marco França
Estreia: 24 de outubro de 2025 (sexta-feira, às 20h)
Temporada: 24 de outubro a 23 de novembro de 2025
Sessões: quinta a sábado, às 20h; domingos e feriados (15 e 20/11), às 18h
Sessão especial: 5/11, às 15h | Sessão com Libras: 13/11, às 20h
Local: Teatro Anchieta – Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque, São Paulo/SP)
Ingressos: R$ 70 (inteira) | R$ 35 (meia) | R$ 21 (credencial Sesc)
Vendas: centralrelacionamento.sescsp.org.br ou pelo App Credencial Sesc SP
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 120 minutos
Gênero: Teatro musical
Capacidade: 280 lugares
Acessibilidade: Sim
Instagram: @sescconsolacao
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