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“Papaizinho” estreia no Sesc Belenzinho e encara, de perto, a ferida entre pais e filhos

Espetáculo com Caio Scot e Felipe Rocha parte de Édouard Louis, mescla material documental e memórias pessoais e propõe ressignificar a figura paterna

“Papaizinho” estreia no Sesc Belenzinho e encara, de perto, a ferida entre pais e filhos
Imagem: Annelize Tozetto

Inédito nos palcos, o espetáculo “Papaizinho” estreia no Sesc Belenzinho, em São Paulo, para uma curta temporada até 14 de dezembro. Protagonizada por Caio Scot e Felipe Rocha, a montagem nasce em diálogo com o livro “Quem matou meu pai”, do escritor francês Édouard Louis, mas se afasta da simples adaptação para construir um trabalho de criação coletiva sobre afeto, ausência e violência estrutural nas relações entre pais e filhos.


A dramaturgia é assinada por Caio Scot, Luisa Espindula, Lucas Cunha, Felipe Rocha e Júlia Portes, em processo colaborativo, com direção de Caio Scot e Luisa Espindula. A obra se alimenta tanto da escrita contundente de Louis quanto das experiências de Caio: o espetáculo incorpora memórias familiares registradas em fitas VHS e imagens das audições realizadas em torno do projeto “Procura-se um pai”, criando uma tessitura que sobrepõe autobiografia, ficção e documento.


Em cena, Scot e Rocha dão corpo a uma narrativa que atravessa Édouard, Caio e tantas outras figuras paternas, compondo um ritual de autodescoberta. O protagonista é revisitado ainda criança, diante do espelho e da marca do xingamento “viado”; mais tarde, já adulto, reencontra o pai que não via há anos e se choca com a distância afetiva e simbólica dessa figura que já não reconhece. A peça evidencia a incomunicabilidade, a solidão e o campo minado que muitas vezes se instala entre pais e filhos, abrindo espaço para múltiplos depoimentos e experiências de paternidade.


As projeções em vídeo ampliam a dimensão documental da montagem, trazendo relatos que escancaram um espectro amplo de relações: da negligência e da falta de afeto a exemplos de cuidado e amor. O espetáculo se organiza em torno de uma pergunta central: o que significa ser pai? E o que significa ser filho? Ao deslocar e questionar esses lugares, a obra investiga como a estrutura patriarcal molda – e fere – os afetos.


Em diálogo com Édouard Louis, “Papaizinho” ecoa a crítica à masculinidade forjada na dureza e ao sistema que exige que homens reprimam fragilidade e ternura. Mas, ao contrário do tom mais fatalista do livro, a montagem abre uma fresta para o futuro: ao buscar “outros pais” nas audições e acolher a pluralidade de histórias, o espetáculo sugere que a figura paterna pode ser desconstruída, reinventada e reescrita. Entre dor, humor e confronto, “Papaizinho” convida o público a pensar em como romper ciclos de violência e reconstruir vínculos a partir da vulnerabilidade e da escuta.


Além da temporada, a programação inclui um bate-papo que aproxima ainda mais o espetáculo do livro de Édouard Louis, reunindo Caio Scot, Luisa Espindula e mediação de Júlia Lemmertz, em conversa aberta com o público.


FICHA TÉCNICA

Direção: Luisa Espindula e Caio Scot Dramaturgia: Caio Scot, Luisa Espindula, Lucas Cunha, Felipe Rocha e Júlia Portes, em diálogo com “Quem matou meu pai”, de Édouard Louis Intérpretes: Caio Scot e Felipe Rocha

Direção assistente e videográfica: Lucas Cunha Interlocução artística: Manuel Abramovic Direção de movimento: Romulo Galvão Iluminação: Lina Kaplan Cenário: Elsa Romero Figurino: Bruno Perlatto Desenho de som: Gabriel D'Angelo Trilha sonora: Felipe Rocha e James Lau


Músicas originais:

  • “Um troço | Um fóssil” – letra e música de Felipe Rocha

  • “Um novo Big Bang” – música de Felipe Rocha e Jonas Sá; letra de Caio Scot, Felipe Rocha, Jonas Sá, Lucas Cunha e Luisa Espindula; produção musical de Jonas Sá

Demais créditos incluem equipe de cenotecnia, assistência de figurino, design gráfico, vídeo, captação de som, elenco das audições, produção e coordenação do projeto, sob realização da CAJU e idealização de Caio Scot.


SERVIÇO

Espetáculo: Papaizinho 

Local: Sesc Belenzinho – Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo (SP) 

Sala / Capacidade: Teatro – 392 lugares

Temporada: até 14 de dezembro de 2025

  • Quintas, sextas e sábados, às 20h

  • Domingos, às 18h30

Ingressos:

  • R$ 50 (inteira)

  • R$ 25 (meia-entrada)

  • R$ 15 (credencial plena Sesc)

Classificação: 14 anos Duração: 90 minutos

Acessibilidade:

  • Sessões com Libras: dias 4, 5, 6 e 7 de dezembro

  • Sessão com audiodescrição: dia 7 de dezembro


Bate-papo: “Papaizinho,” em diálogo com o livro “Quem matou meu pai” Com Caio Scot e Luisa Espindula Mediação: Júlia Lemmertz Data: 6 de dezembro (sábado) Horário: das 17h às 18h30

Informações: (11) 2076-9700


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