Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, retorna ao Teatro Oficina
- Isabel Branquinha
- há 2 dias
- 3 min de leitura
Sucesso de público e crítica, espetáculo dirigido por Monique Gardenberg volta ao cartaz após 20 mil espectadores e cinco indicações ao Prêmio Bibi Ferreira
Após uma temporada consagrada por público e crítica, o Teatro Oficina recebe de volta o espetáculo Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, com direção de Monique Gardenberg.
A nova temporada vai de 17 de outubro a 23 de dezembro de 2025, com sessões às terças, sextas e sábados às 20h e domingos às 18h, na icônica sede da companhia, na Rua Jaceguai, 520 – Bela Vista, São Paulo.
Visto por mais de 20 mil pessoas e com cinco indicações ao Prêmio Bibi Ferreira, o espetáculo retorna em uma montagem de forte impacto visual e emocional, reafirmando o poder atemporal da tragédia rodriguiana.
Nelson Rodrigues em estado bruto
Escrita em 1947, Senhora dos Afogados é uma das obras mais perturbadoras e simbólicas de Nelson Rodrigues, um mergulho no inconsciente familiar e nas zonas sombrias do desejo humano. O texto mistura tragédia, erotismo, religiosidade e culpa em uma narrativa que se desenrola à beira-mar — cenário que aqui é também metáfora: o oceano como espelho da mente, das pulsões e dos fantasmas de uma família em colapso.
“Nelson Rodrigues, como dizia Zé Celso, é um artista dionisíaco, que estupra todas as máscaras sociais no cosmos da Vida Como Ela É”, cita o material de divulgação. “Ele é um outro — para lá do bem e do mal — tão imenso quanto Shakespeare, Rimbaud e Oswald de Andrade.”
Um mergulho nos abismos
Nesta encenação, Monique Gardenberg propõe uma leitura visceral e sensorial da tragédia rodriguiana. O espaço cênico é tomado por elementos audiovisuais, trilha original, ambientações imersivas e um coro de ‘putas do cais’, evocando o espírito livre e provocador de Zé Celso Martinez Corrêa.
A casa onde se passa a história é quase um personagem — um organismo vivo, pulsante, tomado por sal, luto e memória, onde cada respiração ecoa como maré. Ali, o oceano é o inconsciente que tudo revela e consome.
Elenco monumental
No centro da trama está Misael (Marcelo Drummond), juiz atormentado por segredos que emergem das profundezas de sua própria história. Ao redor dele orbitam figuras marcadas por desejo, culpa e destruição: Moema (Lara Tremouroux), a filha intensa e intuitiva; Eduarda (Leona Cavalli), esposa e símbolo do silêncio e do poder reprimido; e uma constelação de personagens que completam o retrato febril de uma família corroída por paixões e interditos.
O elenco reúne nomes de peso e vozes históricas da cena brasileira: Regina Braga, Giulia Gam, Lígia Cortêz, Cristina Mutarelli, Michele Matalon, Sylvia Prado, Vick Nefertiti, Roderick Himeros, Marcelo Dalourzi, Alexandre Paz, Danielle Rosa, Mariana de Moraes, Selma Paiva, Zizi Yndio do Brasil, Tony Reis, Victor Rosa, Carlos Eduardo Samuel, Felipe Botelho, Pedro Gongom Manesco, entre outros.
“É um espetáculo que convida o público a encarar seus próprios abismos”, resume Gardenberg.
Um rito rodriguiano no espaço mítico do Oficina
Apresentada no Teatro Oficina, a montagem se insere em um ambiente simbólico — o templo radical da cena brasileira. A experiência é imersiva, ritualística, um teatro do corpo, do mito e da carne, em que as fronteiras entre palco e plateia se diluem.
No dia 23 de dezembro, haverá uma sessão especial às 14h30, em celebração à eternidade de Luis Antônio Martinez Corrêa, irmão de Zé Celso e figura fundamental da trajetória do Oficina.
Serviço
Espetáculo: Senhora dos Afogados
Autor: Nelson Rodrigues
Direção: Monique Gardenberg
Elenco: Marcelo Drummond, Regina Braga, Leona Cavalli, Lara Tremouroux, Kael Studart, Larissa Silva, Cristina Mutarelli, Giulia Gam, Michele Matalon, Lígia Cortêz, Roderick Himeros, Sylvia Prado, Vick Nefertiti, Marcelo Dalourzi, Alexandre Paz, Danielle Rosa, Kelly Campêllo, Mariana de Moraes, Selma Paiva, Zizi Yndio do Brasil, Tony Reis, Victor Rosa, Carlos Eduardo Samuel, Felipe Botelho e Pedro Gongom Manesco.
Local: Teatro Oficina – Rua Jaceguai, 520 – Bela Vista, São Paulo/SP
Temporada: 17 de outubro a 23 de dezembro de 2025
Sessão especial: 23/12, às 14h30 – em celebração à eternidade de Luis Antônio Martinez
Horários: Sextas e sábados às 20h | Domingos às 18h | Terças às 14h30
Duração: 150 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
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